13 março 2007

Quase-Grande Reportagem: Clubbing

Numa tentativa de cobrir todos os eventos culturais relevantes dignos dessa designação, o NWP fez-se acompanhar da F.O. Dias Nu-Muzak no passado sábado - 3 de Março - à terceira edição do Clubbing. Esta nova iniciativa da Casa da Música visa explorar sonoridades electrónicas novas e velhas (e de qualidade duvidosa em alguns casos - "Slimmy, we love you!") no primeiro sábado de cada mês. Os cabeças de cartaz no sábado passado eram os britânicos Motor, mas o destaque óbvio ia para Karl Bartos, ex-frio do colectivo robofónico Kraftwerk.

Além dos concertos a pagar na sala 2 - agradável, diga-se em abono da verdade - havia ainda um conjunto de actividades mais ou menos culturais de acesso gratuito. Já lá vamos. Os repórteres chegaram à Casa da Música (CdM) no momento oportuno, isto é, depois de Vítor Gama dar o seu contributo para a lógica chega-ao-fundo-e-escava no que a organização descreveu como "música experimental-minimal-meditativa" e mesmo no final do concerto do andrógino (não é um elogio) do português-mas-UK-wannabe Slimmy. Mas a diversão começou bem antes da entrada na sala 2. A simples socialização no "foyer" da sala portuense já justificava a deslocação. Uma primeira incursão no Cyberbar regalou os repórteres com a visão do "80s guru" português - falamos, claro, de Rui Reininho do Grupo Novo Rock. O vivido boémio encontrava-se presente mais que provavelmente a convite da CdM que apostava na presença de caras conhecidas do público geral para combater o efeito Baile dos Vampiros, esse evento basilar para o pessoal de 2000. Rui Reininho fazia questão de ser visto com o seu blazer de padrão tweed vermelho que parecia engoli-lo.


Der Pate - Karl Bartos


Em noite de actividade cultural efervescente, a CdM tinha ainda agendada a ante-estreia do filme "Brava Dança", documentário sobre a "anomalia" Heróis do Mar (em versão crítica cinematográfica para a próxima semana). Os dois repórteres não possuíam, no entanto, os convites que lhes permitissem a entrada de maneira que preferiram permanecer no carro a folhear revistas "Night&Style". No curto percurso a pé até à CdM, todos os jovens se assemelhavam potenciais "clubbers" de ocasião, o que divertiu os repórteres em apostas fictícias sobre o destino - Clubbing ou Baile dos Vampiros - dos foliões excursionistas, ávidos de beeps&beats e de novos números para a sua lista de contactos.


De volta ao "foyer" onde tudo acontecia, os repórteres NWP/F.O. Dias Nu-Muzak encontraram-se com as "groupies" referidas no artigo do Portugal Fashion, de volta aos eventos sociais mais badalados em busca da foto que enfeitaria o seu hi5 até ao final dos dias e ainda com o editor sénior da F.O. Dias Nu-Muzak. Começariam então as verdadeiras aventuras - as sonoras. Antes, uma pequena incursão na casa de banho porque nestas ocasiões a festa se faz em todas as divisões o que provou ser uma aposta certa graças ao "quarentão" de blazer azul-água e sabrina branca que fazia o percurso inverso aos repórteres. Já dentro da sala 2, e enquanto o senhor Karl Bartos (ex-Kraftwerk) não fazia a sua incursão computadorizada , os repórteres entretiveram-se a observar a fauna presente ao mesmo tempo que tentavam escapar às câmaras do AXN e do Porto Canal.



Luxúria electrónica - Motor


Na sala 2, as batidas oblíquas faziam as delícias de todos, dos fãs de Tangerine Dream, até à afición dos Outwork. Não sabemos se Hugo Vieira da Silva estava no Clubbing, mas se sim de certo ficou contente com a indiferença que certos "clubbers" demonstravam em relação ao som das colunas na boa lógica "só não vale curtir quieto". Fazendo "fast-forward" dos concertos de Karl Bartos e dos Motor - ambos de qualidade excelente, o primeiro polvilhado de um "best of" intemporal e o segundo polvilhado de cocaína - os dois repórteres voltaram a dirigir-se ao bar Cybermúsica (da segunda vez, o editor sénior da F.O. Dias Nu-Muzak foi mesmo apanhado pelo canal AXN que rapidamente o metralhou com perguntas bastante previsíveis) onde a festa continuava para pagantes e não-pagantes. No entanto, apesar da boa disposição a cargo da dupla LineOfTwo (onde se incluí um emloyee da já mítica loja Por Vocação), o ambiente algo homossexual precipitou a saída da equipa de reportagem, que procurou a saída que menos atentasse contra a sua virgindade anal.

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10 março 2007

Música: Requiem Laus imitam 4Taste

Após terem assistido aos episódios das últimas semanas do seriado "Morangos com Açúcar", onde a banda residente actual - os 4Tatste - assinava com um agente holandês (convenientemente chamado "Van"), a banda de melodic-metal Requiem Laus, do Funchal, decidiu copiar a ideia.

A informação chegou ao NWP através de bulletins do Myspace (o HI5 dos ricos) e foi enviada por uma das "groupies" da banda. De notar que por entre os vários bulletins da dita fã se pode encontrar propaganda anti-pirataria que afirma que os downloads ilegais matam a música (apesar de nós, no NWP acharmos que são os Requiem Laus e outras bandas de "clonetroopers" os responsáveis pela morte lenta da música). Para falar a verdade, que conceito é esse de "matar a música"? Isso é sequer possível ou é mero jargão profissional? Apesar de o NWP já estar a par desta noticia desde 4 de Março, apenas a reporta agora devido ao facto de a agenda da semana anterior estar totalmente preenchida.

O bulletin providencia então quatro websítios onde a informação do contrato foi divulgada, sendo interessante reparar que o texto é igual ou muito semelhante nos quatro sites, o que comprova que todos vivem de "press releases", ao contrário do investigador-tipo NWP. No âmbito do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação esta foi uma evidência prática de grande importância a exportar para o próximo exame escrito. Podem confirmar a referida reciclagem aqui, aqui, aqui e aqui. De notar também o facto de o site "Brave Words" afirmar que os Requiem Laus têm sido uma parte vital na música portuguesa ("Requiem Laus has been a vital part of the Portuguese music scene"), frase que aparecerá em todas as gramáticas e livros de Português (A e B) em exercicios para os petizes detectarem hipérboles que são isso mesmo.

Quanto ao managment propriamente dito, a Strictly Heavy Managment (SHM) nada tem de semelhante à homónima dos 4taste (apesar de acreditarmos que houve birra dentro da banda por parte do membro que dantes também era manager e agora vê o seu poder e masculinidade, já um pouco duvidosa, afectada - certamente um dos guitarristas). A SHM é uma agência especializada nos já referidos "clone troopers" do metal: meninos e meninas todos vestidos de preto, cabeludos e por vezes também barbudos que apenas sabem grunhir. Não estamos a dizer que a banda açoriana não tem qualidade, já que não nos demos ao trabalho de gravar novas k7's. Além do mais, com a discografia de várias dezenas de álbuns de Frank Zappa, quem precisa de ouvir metal (seja ele qual for)? Ainda a propósito dos "clone troopers" do metal, quase invariavelmente o baterista é careca. Se o leitor não acreditar, a NWP desafia-vos a comprar a revista "Loud!" e em verem por vocês próprios.

Acerca dos Requiem Laus, podemos dizer que já deram um passo para o século XXI e criaram a sua própria entrada na Wikipedia, onde descobrimos que há muito tempo atrás numa galáxia distante se chamavam apenas Requiem. Isto, claro, apenas até descobrirem "ironicamente" (nas suas próprias palavras com sotaque insular) que isso já era cliché entre bandas de metal portuguesas. O nome Requiem vem de outro cliché, uma homenagem a Mozart, o Spielberg da música clássica (para os leigos, o compositor que toda a gente que não conhece mais nenhum afirma ser o seu preferido). Em entrevista ao programa Descarga Sonora, podcast que por pura coincidência é co-apresentado pela já mencionada "groupie", o vértice dos Requiem Laus admitiu sonhar fazer um dia um dueto com David Fonseca, o homem-sophisto que canta em inglês do segundo ciclo e que se encontra num feudo não declarado com Sam The Kid.

Sandra Silveiro, crítica de metal que não gosta nada do mainstream (se excluirmos, claro, System of a Down, Tim Burton, Hello Kitty, Tamagochis e Pucca) descreve os Requiem Laus como screamo-grind-crust-core-heavy-punk-hard-emo-glitch-power-melodic-metal, mas queixa-se que os poseurs os descrevem como metal-emo-hard-punk-heavy-core-crust-grind-screamo-melodic: "As pessoas dão muita importância a rótulos. Fuck yeah!".



Disclaimer: O NWP já possui alguma experiência em lidar com o "underserved sense of accomplishment" de algumas pessoas, portanto deixamos um recado musical - conveniente no mínimo - a todos que se possam sentir lesados com as "truthful words" do NWP:

They lived on a whole bunch of nothing
They thought they looked very good
They'd never ever worry
They were always in a hurry
To convince themselves that what they were
Was really very groovy
Yes, they believed in all the papers
And the magazines that defined their folklore
They could never laugh
At who or what they thought they were
Or even what they thought
They sorta oughta be

Frank Zappa, "We're Turning Again"

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08 março 2007

Super Obituário: Capitão Steve Rogers


1941-2007
"Eu voltarei" - T-800

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Super Obituário: Vic Sage


1967-2007
"A=A" - Ayn Rand

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05 março 2007

Quase-Grande Reportagem: Portugal Fashion - aqui é que vai uma crise

Portugal é conhecido por muitas coisas, mas não é propriamente identificado como um país em que a moda vingue. A estilista portuguesa com mais créditos internacionais não está muito acima do patamar convidado-para-a-árvore-das-patacas. No entanto, nos últimos anos é notório o grande esforço por parte de uns iluminados (alguns são certamente clientes da cult classic Por Vocação, outros nem por isso...) que pretendiam criar por cá um evento capaz de rivalizar com as "fashion weeks" mais afamadas e garantir os seus 15 minutos de fama no Fashion TV. O melhor que conseguimos foi a cobertura da afterparty no Buddha Bar com a presença do mature cast da série juvenil "Morangos Com Açúcar".

Pode-se dizer que, ao contrário de países como a Itália ou França em que o negócio da moda foi complementado com o espectáculo, em Portugal enveredou-se pelo caminho inverso. E enquanto é reconhecido algum mérito e qualidade ao famoso “Moda Lisboa”, o mesmo não se pode dizer do "Portugal Fashion", o equivalente nortenho desse evento - o irmão feio e burro, portanto - ao qual se deslocou, em colaboração com a NWP, o repórter da F.O.Dias Cort&Costura Conffezzionne, por sua vez acompanhado de duas jovens que esperavam tirar algumas fotos paparazzi ao elenco de “Morangos com Açúcar” (tido como o patamar mais baixo na lista de presenças de celebridades).

E ao passo que o “Moda Lisboa” é uma espécie de brincadeira entre amigos, onde as mesmas caras apresentam colecções recorrendo a modelos já a precisar da reforma, então o “Portugal Fashion” é sem duvida o parente pobre da moda portuguesa, onde ainda há espaço a uma decoração mais barroca, frequentadores de espectáculos de casino (alguns ainda ressabiados com Elton John) e alguma música house pseudo-vanguardista que pôs muitas titias a dançar enquanto aguardavam o show.

Para grande tristeza das groupies que acompanhavam o nosso intrépido repórter (encharcado em quaaludes) as únicas celebridades que se encontravam no espaço eram Diegues (jovem famoso por ter mantido uma amizade homoerótica com o defunto Francisco Adam), Carlos Castro (famoso colunista social e presidente do clube de tiro ao alvo GLS), Ricardo Trepa (neto de Manoel de Oliveira e conhecido pela sua participação no remake de "Black Adder" realizado pelo seu avô) e o discreto casal Tenente e Nuno Baltazar. Aliás, esta "vip hunger" motivou a ida das mesmas groupies ao Clubbing do dia seguinte em reportagem a acompanhar na próxima semana aqui no NWP.


O aspecto geral do local. Gente bonita (???), algum lixo pelo chão e a presença de um colchão gentilmente cedido pelo Patrocinador.

Apesar de possuir convites para os outros desfiles, o repórter NWP/F.O.Dias preferiu poupar tempo e assistir apenas ao de Miguel Vieira, aposta mais que válida no factor “divertimento”, visto as obras deste criador garantirem sempre um brilho oleoso à catwalk. O nosso repórter passeou-se pelas instalações do Cace Cultural enquanto evitava a todo o custo as câmaras da revista Night&Style (esta aversão a meios de comunicação social inferiores que têm apenas como intuíto fazer rir quem assiste e ridicularizar quem aparece, seria uma constante na noite Clubbing do dia seguinte - "não apareço no mesmo canal do CSI" foi a sua justificação).

Toca a campainha, é hora do desfile. Após a publicidade inicial, as luzes descem qual sala de cinema e uma música bem datada ao bom estilo do primeiro álbum de Jay Jay Johanson começa a soar. Estaria Miguel Vieira preso aos anos 90, tal como a repórter do JUP que elegeu Massive Attack e Tigerman como 2 dos melhores concertos de um 2006 mais festivaleiro que um "spring break" em Miami ou New Orleans? Seja como for, optamos aqui por omitir a parte em que se satiriza o Miguel Vieira por este ser um frequentador assíduo do Via Rápida (uma discoteca que é, sem duvida, “a sua cara”) pois o NWP não troça de pessoas com cancro.

Acabado o desfile, o repórter recusou-se a seguir para a afterparty na discoteca Act, por ter ouvido boatos durante o desfile de que o último carregamento de cocaína a chegar à cidade tinha sido apreendido e por achar que o mdma não ia bem com o seu safari cola. Decidiu assim salvar a noite com um pouco de glamour hollywoodesco e passar pelo drive-in do McDonald's, qual Hillary Swank na sua ceia pós cerimónia dos Óscars.

Do espaço do evento social, o repórter trouxe ainda dois números da afamada revista Night&Style, destacando-se dois artigos: o primeiro menciona o facto do cybersexo estar na moda, alerta que foi dado pelo blog juvenil Mundo Lego; o segundo conta a história da Casa Puta Madre 69. Em ambas as ediçõe era ainda possível ver fotos de ilustres desconhecidos abraçados na noite, bem como produções de moda em que gajos carecas iam sair à noite vestidos de ganga integral num artigo que clamava que a musica ditava a roupa que cada um usava (por essa lógica, somos obrigados a acreditar que o som de eleição era o house tribal).

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04 março 2007

Crítica Cinematográfica: Idiocracy, o melhor filme que ninguém viu em 2006

Após o rescaldo dos Óscares, é a altura de analisar o filme considerado o melhor de 2006 pelo staff do NWP (apesar de só ter sido visto por um dos elementos da redacção, e nenhum ter visto um décimo dos filmes que estrearam no ano transacto). Muitos sites ou blogs cinematográficos assinalariam algum filme oscarizado ou nomeado para a estatueta eunuca. Outros, anunciariam algo de muito underground, pseudo-artístico e/ou europeu. O NWP, tentando sempre se destacar pela sua originalidade, prefere falar de um filme que não se insere em nenhuma destas categorias e que nem sequer foi mencionado pelo suposto blog de cinema mais visto em Portugal (pelo menos segundo o seu motor de busca).



Falamos de "Idiocracy", um filme que provavelmente não se poderá considerar uma obra-prima da sétima arte, mas que cumpre todas as suas funções (ou pelo menos todas as que o NWP atribui a esta arte): a) entretem, b) tem trivia e piadas disfarçadas no cenário, o que torna a visualização frame by frame divertida, c) faz-nos reflectir em temas que, de uma forma ou de outra são importantes para as nossas vidas, mas não o faz de forma preachy ou pedante, d) (bónus) é uma comédia sci-fi, estilo preferido de pelo menos um dos repórteres desta publicação.

O filme foi realizado por Mike Judge, famoso por Beavis and Butthead, King of the Hill e Office Space e foi produzido pela 20th Century Fox, o império maléfico dos media, governado com punho de ferro por Rupert Murdoch. A Fox é conhecida por transmitir as séries preferidas de todos os portugueses com TvCabo e Emule, assim como por produzir as séries de Matt Groening (The Simpsons e Futurama), o já mencionado King of The Hill e a série animada anti-pc menos original de sempre, o Family Guy (aproveita-se o episódio que parodia a FCC). A FOX é também famosa nos EU da A por dar voz a um dos nossos comentadores políticos americanos preferidos, Bill O'Reilly. Esta contextualização toda sobre a produtora não é em vão, caros leitores. Acontece que esta bela empresa que todos adoram decidiu gastar o mínimo de dinheiro a promover "Idiocracy" (ainda menos do que o dispendido por Scorsese na promoção de "Departed"). Escolheu apenas um número bastante reduzido de salas nos EU da A para o transmitir e pouco ou nenhum esforço fez para o promover. Daí, o "melhor" blog de cinema em Portugal nunca ter tido conhecimento dele.

A razão desta forma de marketing é imperceptível para nós na redacção. Mike Judge não é uma figura assim tão desconhecida do público para que o seu filme seja distribuido como um qualquer filme indie rasca. Aliás, Mike Judge até já apareceu na famosa série da MTV "Jackass" (cujo nome descreve bem a sua audiência). Até nos parece que a Fox perdeu uma boa oportunidade de ganhar mais uns trocos. A única explicação plausível é a FOX pretender fazer de "Idiocracy" um novo low-budget-gone-wild ao bom estilo de "Blair Witch", ou, mais recentemente, "Borar". No entanto, como forma de contra-ataque ao império da Fox por esta medida, a redacção do NWP decidiu fazer download ilícito deste filme em divx através de um blog que prefere ficar anónimo, ao invés de comprar o dvd legalmente. No entanto, pensámos enviar cheques avultados a Mike Judge e ao resto do elenco e crew do filme. A Fox, por sua vez, jamais meterá as suas mãos gananciosas no nosso bolso.

Quanto ao filme em si, trata-se de uma variante do típico plot da comédia sci-fi: um terráqueo do sexo masculino que vive no século XX ou XXI e que é, de alguma forma, transportado para o futuro ou para o espaço e vive uma série de peripécias engraçadas nesses ambientes que lhe são estranhos. O argumento inicial deste filme tem, portanto, várias semelhanças com Futurama ou "Sleeper", de Woody Allen: o individuo é congelado no presente e descongelado no futuro, ficando surpreendido com o mundo que encontra ao acordar, por alguma razão é preso, foge e depois encontra amigos estranhos que o ajudam a viver naquele tempo. Um argumento parecido tem o filme "Demolition Man", provavelmente o melhor filme em que Stallone entra - tivesse uma banda-sonora melhor conseguida e batia a saga de Rocky (o "asskickery" de Rambo não tem hipótese na contenda).

Esta descrição pode induzir o leitor na ideia falciosa de que o filme não tem nada de original e se limita a ser influenciado por este plot já um pouco gasto. No entanto, isto está um pouco longe da verdade já que o filme se inspira em "The Marching Morons", um conto sci fi de 1951, provavelmente a primeira história a usar este esquema narrativo.

Joe Bauers (Luke Wilson) é um simples bibliotecário do exército, contente por passar todo o dia a ver televisão. O seu Q.I. encontra-se dentro da média da restante população, assim como as suas competências físicas. O facto de ser um perfeito homem médio faz com que seja escolhido para uma experiência de criogenação sancionada pelo governo, que, supostamente duraria apenas um ano , mas que acababa por durar 500. Quando é descongelado, apercebe-se que o mundo onde vive é populado por idiotas, que não conseguem resolver os mais simples dos problemas. Os edificios e as estradas encontram-se a cair aos pedaços, os destroços de acidentes aereos não são limpos, as pessoas passam o tempo todo a comer fast food e a ver tv (os sofás têm retrete incorporada), existe um problema de fome devido ao facto de os campos serem irrigados com uma variante de Gatorade, o Presidente é um lutador de wrestling e o filme mais oscarizado chama-se "Ass", filme cuja unica cena é um rabo a expelir gases durante 90 minutos.

As previsões feitas por este filme parecem as mais acertadas de toda a sci-fi, mas desconfiamos que este alguma vez venha a ser tão citado como "1984". Se pensarmos que no ensino superior há pessoas que se queixam que têm que ler livros em inglês e não conseguem distinguir Chirac numa fotografia e que mesmo assim tiram as melhores notas, que o wreslting e o Gato Fedorento são dos programas mais adorados pelo público e que as nossas estradas estão cada vez mais esburacadas, não é dificil acreditar que no futuro a inteligência da população em geral venha a reduzir ainda mais e que os problemas mais simples não sejam resolvidos.

Fica portanto aqui a sugestão NWP para todos aqueles que sabem comprar online, ou que possuem programas de download, vejam o filme e se gostarem o divulguem pelos vossos amigos e amigas. Não se esqueçam, claro, caso sigam a segunda via, de enviar cheques avultados ao cast and crew. E já agora, uma contribuição PayPal generosa à NWP.

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