Crítica Cinematográfica: Idiocracy, o melhor filme que ninguém viu em 2006
Após o rescaldo dos Óscares, é a altura de analisar o filme considerado o melhor de 2006 pelo staff do NWP (apesar de só ter sido visto por um dos elementos da redacção, e nenhum ter visto um décimo dos filmes que estrearam no ano transacto). Muitos sites ou blogs cinematográficos assinalariam algum filme oscarizado ou nomeado para a estatueta eunuca. Outros, anunciariam algo de muito underground, pseudo-artístico e/ou europeu. O NWP, tentando sempre se destacar pela sua originalidade, prefere falar de um filme que não se insere em nenhuma destas categorias e que nem sequer foi mencionado pelo suposto blog de cinema mais visto em Portugal (pelo menos segundo o seu motor de busca).
Falamos de "Idiocracy", um filme que provavelmente não se poderá considerar uma obra-prima da sétima arte, mas que cumpre todas as suas funções (ou pelo menos todas as que o NWP atribui a esta arte): a) entretem, b) tem trivia e piadas disfarçadas no cenário, o que torna a visualização frame by frame divertida, c) faz-nos reflectir em temas que, de uma forma ou de outra são importantes para as nossas vidas, mas não o faz de forma preachy ou pedante, d) (bónus) é uma comédia sci-fi, estilo preferido de pelo menos um dos repórteres desta publicação.
O filme foi realizado por Mike Judge, famoso por Beavis and Butthead, King of the Hill e Office Space e foi produzido pela 20th Century Fox, o império maléfico dos media, governado com punho de ferro por Rupert Murdoch. A Fox é conhecida por transmitir as séries preferidas de todos os portugueses com TvCabo e Emule, assim como por produzir as séries de Matt Groening (The Simpsons e Futurama), o já mencionado King of The Hill e a série animada anti-pc menos original de sempre, o Family Guy (aproveita-se o episódio que parodia a FCC). A FOX é também famosa nos EU da A por dar voz a um dos nossos comentadores políticos americanos preferidos, Bill O'Reilly. Esta contextualização toda sobre a produtora não é em vão, caros leitores. Acontece que esta bela empresa que todos adoram decidiu gastar o mínimo de dinheiro a promover "Idiocracy" (ainda menos do que o dispendido por Scorsese na promoção de "Departed"). Escolheu apenas um número bastante reduzido de salas nos EU da A para o transmitir e pouco ou nenhum esforço fez para o promover. Daí, o "melhor" blog de cinema em Portugal nunca ter tido conhecimento dele.
A razão desta forma de marketing é imperceptível para nós na redacção. Mike Judge não é uma figura assim tão desconhecida do público para que o seu filme seja distribuido como um qualquer filme indie rasca. Aliás, Mike Judge até já apareceu na famosa série da MTV "Jackass" (cujo nome descreve bem a sua audiência). Até nos parece que a Fox perdeu uma boa oportunidade de ganhar mais uns trocos. A única explicação plausível é a FOX pretender fazer de "Idiocracy" um novo low-budget-gone-wild ao bom estilo de "Blair Witch", ou, mais recentemente, "Borar". No entanto, como forma de contra-ataque ao império da Fox por esta medida, a redacção do NWP decidiu fazer download ilícito deste filme em divx através de um blog que prefere ficar anónimo, ao invés de comprar o dvd legalmente. No entanto, pensámos enviar cheques avultados a Mike Judge e ao resto do elenco e crew do filme. A Fox, por sua vez, jamais meterá as suas mãos gananciosas no nosso bolso.
Quanto ao filme em si, trata-se de uma variante do típico plot da comédia sci-fi: um terráqueo do sexo masculino que vive no século XX ou XXI e que é, de alguma forma, transportado para o futuro ou para o espaço e vive uma série de peripécias engraçadas nesses ambientes que lhe são estranhos. O argumento inicial deste filme tem, portanto, várias semelhanças com Futurama ou "Sleeper", de Woody Allen: o individuo é congelado no presente e descongelado no futuro, ficando surpreendido com o mundo que encontra ao acordar, por alguma razão é preso, foge e depois encontra amigos estranhos que o ajudam a viver naquele tempo. Um argumento parecido tem o filme "Demolition Man", provavelmente o melhor filme em que Stallone entra - tivesse uma banda-sonora melhor conseguida e batia a saga de Rocky (o "asskickery" de Rambo não tem hipótese na contenda).
Esta descrição pode induzir o leitor na ideia falciosa de que o filme não tem nada de original e se limita a ser influenciado por este plot já um pouco gasto. No entanto, isto está um pouco longe da verdade já que o filme se inspira em "The Marching Morons", um conto sci fi de 1951, provavelmente a primeira história a usar este esquema narrativo.
Joe Bauers (Luke Wilson) é um simples bibliotecário do exército, contente por passar todo o dia a ver televisão. O seu Q.I. encontra-se dentro da média da restante população, assim como as suas competências físicas. O facto de ser um perfeito homem médio faz com que seja escolhido para uma experiência de criogenação sancionada pelo governo, que, supostamente duraria apenas um ano , mas que acababa por durar 500. Quando é descongelado, apercebe-se que o mundo onde vive é populado por idiotas, que não conseguem resolver os mais simples dos problemas. Os edificios e as estradas encontram-se a cair aos pedaços, os destroços de acidentes aereos não são limpos, as pessoas passam o tempo todo a comer fast food e a ver tv (os sofás têm retrete incorporada), existe um problema de fome devido ao facto de os campos serem irrigados com uma variante de Gatorade, o Presidente é um lutador de wrestling e o filme mais oscarizado chama-se "Ass", filme cuja unica cena é um rabo a expelir gases durante 90 minutos.
As previsões feitas por este filme parecem as mais acertadas de toda a sci-fi, mas desconfiamos que este alguma vez venha a ser tão citado como "1984". Se pensarmos que no ensino superior há pessoas que se queixam que têm que ler livros em inglês e não conseguem distinguir Chirac numa fotografia e que mesmo assim tiram as melhores notas, que o wreslting e o Gato Fedorento são dos programas mais adorados pelo público e que as nossas estradas estão cada vez mais esburacadas, não é dificil acreditar que no futuro a inteligência da população em geral venha a reduzir ainda mais e que os problemas mais simples não sejam resolvidos.
Fica portanto aqui a sugestão NWP para todos aqueles que sabem comprar online, ou que possuem programas de download, vejam o filme e se gostarem o divulguem pelos vossos amigos e amigas. Não se esqueçam, claro, caso sigam a segunda via, de enviar cheques avultados ao cast and crew. E já agora, uma contribuição PayPal generosa à NWP.
O filme foi realizado por Mike Judge, famoso por Beavis and Butthead, King of the Hill e Office Space e foi produzido pela 20th Century Fox, o império maléfico dos media, governado com punho de ferro por Rupert Murdoch. A Fox é conhecida por transmitir as séries preferidas de todos os portugueses com TvCabo e Emule, assim como por produzir as séries de Matt Groening (The Simpsons e Futurama), o já mencionado King of The Hill e a série animada anti-pc menos original de sempre, o Family Guy (aproveita-se o episódio que parodia a FCC). A FOX é também famosa nos EU da A por dar voz a um dos nossos comentadores políticos americanos preferidos, Bill O'Reilly. Esta contextualização toda sobre a produtora não é em vão, caros leitores. Acontece que esta bela empresa que todos adoram decidiu gastar o mínimo de dinheiro a promover "Idiocracy" (ainda menos do que o dispendido por Scorsese na promoção de "Departed"). Escolheu apenas um número bastante reduzido de salas nos EU da A para o transmitir e pouco ou nenhum esforço fez para o promover. Daí, o "melhor" blog de cinema em Portugal nunca ter tido conhecimento dele.
A razão desta forma de marketing é imperceptível para nós na redacção. Mike Judge não é uma figura assim tão desconhecida do público para que o seu filme seja distribuido como um qualquer filme indie rasca. Aliás, Mike Judge até já apareceu na famosa série da MTV "Jackass" (cujo nome descreve bem a sua audiência). Até nos parece que a Fox perdeu uma boa oportunidade de ganhar mais uns trocos. A única explicação plausível é a FOX pretender fazer de "Idiocracy" um novo low-budget-gone-wild ao bom estilo de "Blair Witch", ou, mais recentemente, "Borar". No entanto, como forma de contra-ataque ao império da Fox por esta medida, a redacção do NWP decidiu fazer download ilícito deste filme em divx através de um blog que prefere ficar anónimo, ao invés de comprar o dvd legalmente. No entanto, pensámos enviar cheques avultados a Mike Judge e ao resto do elenco e crew do filme. A Fox, por sua vez, jamais meterá as suas mãos gananciosas no nosso bolso.
Quanto ao filme em si, trata-se de uma variante do típico plot da comédia sci-fi: um terráqueo do sexo masculino que vive no século XX ou XXI e que é, de alguma forma, transportado para o futuro ou para o espaço e vive uma série de peripécias engraçadas nesses ambientes que lhe são estranhos. O argumento inicial deste filme tem, portanto, várias semelhanças com Futurama ou "Sleeper", de Woody Allen: o individuo é congelado no presente e descongelado no futuro, ficando surpreendido com o mundo que encontra ao acordar, por alguma razão é preso, foge e depois encontra amigos estranhos que o ajudam a viver naquele tempo. Um argumento parecido tem o filme "Demolition Man", provavelmente o melhor filme em que Stallone entra - tivesse uma banda-sonora melhor conseguida e batia a saga de Rocky (o "asskickery" de Rambo não tem hipótese na contenda).
Esta descrição pode induzir o leitor na ideia falciosa de que o filme não tem nada de original e se limita a ser influenciado por este plot já um pouco gasto. No entanto, isto está um pouco longe da verdade já que o filme se inspira em "The Marching Morons", um conto sci fi de 1951, provavelmente a primeira história a usar este esquema narrativo.
Joe Bauers (Luke Wilson) é um simples bibliotecário do exército, contente por passar todo o dia a ver televisão. O seu Q.I. encontra-se dentro da média da restante população, assim como as suas competências físicas. O facto de ser um perfeito homem médio faz com que seja escolhido para uma experiência de criogenação sancionada pelo governo, que, supostamente duraria apenas um ano , mas que acababa por durar 500. Quando é descongelado, apercebe-se que o mundo onde vive é populado por idiotas, que não conseguem resolver os mais simples dos problemas. Os edificios e as estradas encontram-se a cair aos pedaços, os destroços de acidentes aereos não são limpos, as pessoas passam o tempo todo a comer fast food e a ver tv (os sofás têm retrete incorporada), existe um problema de fome devido ao facto de os campos serem irrigados com uma variante de Gatorade, o Presidente é um lutador de wrestling e o filme mais oscarizado chama-se "Ass", filme cuja unica cena é um rabo a expelir gases durante 90 minutos.
As previsões feitas por este filme parecem as mais acertadas de toda a sci-fi, mas desconfiamos que este alguma vez venha a ser tão citado como "1984". Se pensarmos que no ensino superior há pessoas que se queixam que têm que ler livros em inglês e não conseguem distinguir Chirac numa fotografia e que mesmo assim tiram as melhores notas, que o wreslting e o Gato Fedorento são dos programas mais adorados pelo público e que as nossas estradas estão cada vez mais esburacadas, não é dificil acreditar que no futuro a inteligência da população em geral venha a reduzir ainda mais e que os problemas mais simples não sejam resolvidos.
Fica portanto aqui a sugestão NWP para todos aqueles que sabem comprar online, ou que possuem programas de download, vejam o filme e se gostarem o divulguem pelos vossos amigos e amigas. Não se esqueçam, claro, caso sigam a segunda via, de enviar cheques avultados ao cast and crew. E já agora, uma contribuição PayPal generosa à NWP.
Etiquetas: 15ª edição, Crítica Cinematográfica
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