26 fevereiro 2007

Cinema: Óscares 2007

Como verdadeiros amantes de Cinema, os repórteres do NWP não perderam tempo a ver os Óscares, o suposto prémio mais importante da (sétima) indústria, que serve como veiculo de propaganda para a elite liberal de Hollywood e que premeia quase sempre filmes feitos geometricamente de régua e esquadro na mão, a pensar na estatueta dourada. No entanto, por ser o "beauty pageant" mais famoso dos EU da A e, consequentemente do Mundo, achámos por bem cobrir este evento.

Os Óscares são uma espécie de Natal para os pseudo entendidos em cinema e aspirantes a realizador que só conhecem o Sr.Spielberg. Exagero nosso? Pensam vocês. Familiares e amigos juntam-se para passar uma noite a fazer apostas nos vencedores, que normalmente são conhecidos em todas as categorias por toda a gente com meses de antecedência. A excepção foi o ano em que a consciência politicamente correcta de Hollywood decidiu que era altura de uma edição especial e a acção afirmativa só galardoou negros nas categorias principais. Os mais entusiastas aproveitam a página semanal na revista do Público sobre o lixo das estrelas (aos domingos) para tirar sugestões para aperitivos a servir na fatídica noite. O tema também costuma dominar o fórum do Curto Circuito, esse baluarte do jovem português (o único em que designer panties de festival de verão familiar e batalhas Iron Maiden vs Xutos&Pontapés têm lugar).

Salvo honráveis excepções, a poção vencedora é sempre a mesma: actores e realizadores bem identificáveis, temas actuais importados de seriados de sucesso e música que vá bem com as pipocas amanteigadas. É esta a fórmula matemática feitas para ganhar Óscares, admitindo variantes ao longo dos tempos (o filme-mosaico, utilizado em "Babel" é um dos mais populares). Raramente algo de verdadeiramente "groundbreaking" para a história do Cinema sai de Los Angeles com o devido reconhecimento nas categorias principais. Mas também nesta cerimónia nem só o prémio é que interessa: os vestidos dos actores (com quem os estilistas trocam fluídos nos raros casos de heterossexualidade), as companhias, as jóias e até o jantar pós-gala (Hillary Swank foi comer hambúrgueres há 2 anos) tudo é pretexto para a VH1 fazer mais um especial Óscares.

E ainda temos discursos ensaiados ad nauseum para fazer o público chorar ou para propagandear a causa "flavour of the month" na Hollywood liberal. O NWP não assistiu à cerimónia deste ano, nem pretende perder tempo a procurar os discursos no YouTube, mas apostámos que os temas deste ano terão sido o aquecimento global e a retirada das tropas do Iraque (tema já um pouco demodé, agora os capacetes usados no Iraque é que são "the thing"). O documentário vencedor é também mais uma prova da politiquice de trazer por casa de Hollywood.

Na categoria de melhor filme ganhou, surpreendentemente, aquele que talvez mais merecesse (não esquecer que Ricardo Alves - colaborador NWP - escolheu "Departed" para filme do ano no JUP, na mesma edição em que é publicada a mais ridícula lista de melhores concertos do ano que já se viu). Este juízo de valor foi acordado na redacção do NWP (que não viu todos os filmes nomeados). Um dos repórteres viu "Babel" e "Departed" e considerou o primeiro bastante medíocre, enquanto "Departed" saltou à vista pelo seu factor "chuta cu" (quanto mais não seja pela presença dos DKM na OST). O outro de nós, por sua vez, apenas viu o "Cartas de Iwo Jima", tendo-o achado um bom filme (por ter "tirinhos") apesar de achar não merecer o Óscar por ser um filme demasiado "seguro" e a fazer-se à estatueta mais apetecida.

Scorsese, realizador de clássicos como "Taxi Driver", "Goodfellas", entre tantos outros filmes que entram no imaginário de qualquer pessoa que goste de bons filmes que misturem arte, entretenimento e uma enorme contagem de corpos, nunca tinha ganho nenhum Óscar de melhor realizador, o que diz muito do valor que este prémio tem. Que não podem ganhar todos, nós sabemos, mas vejamos o vencedor por cada nomeação perdida de Scorsese: se em 1980 perder para "Gente Vulgar" de Robert Redford foi só razoavelmente parvo (Scorsese concorria com "Touro Enraivecido"!), em 1988 o Jesus da "Última Tentação de Cristo" perdeu para "Encontro de Irmãos" (cá está o factor Óscar: escolha controlada do casting e autismo) de Barry Levinson (o mesmo de "Donnie Brasco" e "Wag the Dog"), em 1990 o infinitamente melhor "Tudo Bons Rapazes" foi vencido por "Danças Com Lobos" (o terceiro capítulo do "Padrinho" também foi nomeado).

Já desesperado, Scorsese baixa a fasquia e atira-se ao galardão com "Gangues de Nova Iorque", mas é derrotado pelo viúvo de Sharon Tate com o mega-oscaresque "O Pianista" num ano tão mau que até Almodovar foi candidato na categoria principal (no mesmo ano ainda havia, medo!, "As Horas" e, oh terror!, "Chicago"). Enfim, um ano perfeito para o consumidor-médio português que só compra o álbum ao vivo do Rui Veloso e o sucesso da estação (na música) e os filmes oscarizados no que a filmes diz respeito. Por falar nisso, a FNAC deve aproveitar a ocasião para inflacionar estupidamente o preço dos filmes de Scorsese depois de ontem. Em 2004, Scorsese ainda se esforça mais (sinónimo de que o filme ainda é pior) com "O Aviador", mas é derrotado por "Million Dollar Baby" e o seu O-factor de juntar Clint Eastwood, Morgan Freeman e a gata borralheira dos tempos modernos em 2 horas de película.

Para o compensar pela falha, a Academia juntou o "Clube dos Realizadores Barbudos" (termo cunhado nesta redacção), composto por Steven Spielberg (o realizador que toda a gente que não sabe nada de cinema considera o seu preferido), George Lucas (conhecido pela saga "Star Wars" e Howard the Duck) e Francis Ford Coppola ( Captain Eo, Jack) - que uma televisão portuguesa confundiu com Bernardo Bertolucci! - para lhe entregar o galardão. Um muito emocionado Scorsese, a fazer lembrar na pose, tiques e voz um Woody Allen (o Spielberg do alternativo) católico, aceitou visivelmente agradado a esperada estatueta. Uma nota de rodapé para a ausência na gala de Hugo Vieira da Silva, jovem cineasta e viciado no Tekken, realizador de "Body Rice", um fan favourite na redacção.

Uma nota final para o mau gosto evidente da Academia em trocar um mau Jon Stewart por uma boa Ellen DeGeneres. Desculpa Hollywood, mas não nos convences.

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18 fevereiro 2007

Nacional: Aborto, e agora?

A sociedade civil foi completamente bombardeada com a IVG nas últimas semanas, portanto a redacção do NWP achou por bem marcar mais uma vez a diferença pela positiva e dar algum descanso ao cidadão que quer estar informado. Assim, voltamos agora em período pós-referendo para conjecturar reflexões e traçar horizontes para o futuro. Que a política em Portugal é despida de interesse todos (na redacção) já sabíamos. Mas que os referendos são acontecimentos insuportáveis poucos se lembravam.

Há momentos importantes a destacar neste. Primeiro comecemos por falar nas longas discussões no Parlamento sobre o facto da pergunta estar bem ou mal formulada, quando isso não interessava rigorosamente nada porque toda a gente percebia o que estava a ser debatido. Estas discussões, numa segunda fase, passaram pela troca de bocas do género "você concordou agora é contra" ou "você era contra e agora concorda". Este tipo de discussões fazem o eleitor com dois dedos de testa pensar duas vezes no valor do seu voto em qualquer escrutínio.

Passando aos aspectos característicos da campanha, tivemos o caso de um ATL em Guimarães (estes dados estão por confirmar porque a memória de curto prazo dos jornalistas do NWP não é das melhores, qualquer erro por favor corrijam) onde os seus administradores colocaram textos anti-aborto nas pastas dos meninos, com textos do género "óh mama, porque me mataste, mutilaste, etc.". Estes textos tinham como alvo esse gang crescente de mulheres que abortam por puro sadismo e que até se dão ao trabalho de engravidar para depois poderem abortar. Um pouco à imagem de um antigo email em corrente que há alguns anos invadiu a caixa de correio de todos nós por causa de amigos mais impressionáveis (para quem não se lembra, era um "diário de bordo" de um feto/embrião - perdoem a falta de exactidão técnica - sobre a sua vida intrauterina). Se os fetos escrevessem antes de nascer acho que éramos todos pelo "Não".

Durante os tempos de antena tivémos as brilhantes campanhas do Não, com música rap para apelar à malta jovem, assim como meninas fora da idade de votar e provavelmente ainda sem o período a mostrar a sua "pró-vidaness". No entanto, a campanha do Não ganha o prémio Miss Simpatia por agradecer a quem fazia a pergunta do referendo. E não nos esqueçamos do feto humano de borracha vendido pela módica quantia de 1 euro e que em tempos futuros será um tesouro do coleccionismo português, tão cheio de idiossincrasias que a gente sabe. Para quem defende a vida, não abona muito estar a por-lhe um pricetag.

Mas mais interessante ainda foi o tempo de antena do PNR, onde os seus militantes se diziam contra o aborto, mas a favor das mães solteiras. O partido que afirmava desejar "partir os dentes ao crime" prefere que as mães tomem conta dos filhos sozinhas, o que inevitalvemente os tornará criminosos por não entrarem na linha com a pancada dos pais. Basta ver o seriado "Morangos Com Açúcar" para ver a falta que alguma violência física faz no crescimento e educação de raparigas.

Na campanha pelo Sim, encontrámos a famosa frase da ex-jurí do "Dança Comigo", o seu nome escapa-se-nos, que disse o seguinte: "Eu, como independente, junto-me a campanha do PCP". Talvez a senhora não tivesse ouvido falar de um movimento independente e puramente cívico denominado "Movimento Sim", tendo ficado com a ideia que apenas o PCP concordava com a despenalização da IVG. Ou isso, ou pretendia mostrar que defendia a ideia da votação parlamentar ao invés do referendo público.
A campanha do Sim ganhou também pontos por ter recrutado uma ex-actriz da supra-citada série "Morangos Com Açúcar" (aquela que parecia um Ferengi e que tomou conta da Becas e do Tomé quando a mãe lésbica foi de férias) para actuar num sketch em que mãe e filha discutiam o aborto. Interessante foi também ver os camaradas do POUS4 aproveitarem esta campanha para lutar pela laicização do Estado, visto os padres também terem feito campanha. É, de facto, vergonhoso que o Estado esteja a apoiar o Clero na campanha pelo Não, enquanto tenta mostrar a imagem de que é favorável ao Sim. Felizmente, Portugal conta com os sempre vigilantes trotskistas que não se poupam a esforços para limpar a areia que os porcos fascistas e capitalistas teimam em atirar para os olhos das massas.

Ambas as campanhas foram, como se pode ver, de apoio à abstenção, tendo por isso conseguido ambas alcançar uma victória esmagadora. Os nossos parabéns. O NWP espera agora pela próxima sequela deste referendo, talvez para o próximo Verão ou para o próximo Natal, desde que não calhe na fase de exames do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação (para nos permitir uma melhor cobertura) e desde que se venda mais merchandising relativa ao assunto. Aqui, mais uma vez, se denota o atraso da política portuguesa em relação, digamos, à americana. Se o referendo da IVG se realizasse no Grande Satã, a redacção do NWP já tinha comprado a sua tshirt a dizer "Eu Fui Um Aborto E Sobrevivi", ao bom estilo do merchandise nacionalista pós-11/9.

Como o Não já disse que não é só a esquerda a fazer referendos, todas as hipóteses estão em aberto. A mais provável para a NWP é a possibilidade do aborto se tornar desporto nacional e passatempo das horas de ócio. O referendo da IVG vai no futuro tornar-se o Mardi Gras português, o Carnaval de Veneza lusitano ou o Super Bowl dos referendos - como quiserem. Realizado anualmente, irá tomar o lugar dos Jogos Sem Fronteiras no coração dos portugueses, cumprindo assim as 4 funções da televisão: informar, educar, entreter e dar trabalho ao Eládio Clímaco.

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14 fevereiro 2007

Coa Breca: Anna Nicole Smith morre e media não sabem porquê

A Tanya Peters do cult classic "Naked Gun 33 1/3" morreu na passada quinta-feira na Florida aos 39 anos, sinistro que explica o excepcional atraso da edição desta semana pelo profundo luto em que toda a redacção mergulhou quando soube da notícia. Como Anna Nicole Smith morreu no "estado-Sol", o NWP procurou entrar em contacto com o Tenente Horatio Caine, mas tal não foi possível porque o oficial da polícia criminal de Miami estava a gravar um novo episódio para o seu videocast.

A playmate do ano de 1993, que chegou a ter um programa em nome próprio no canal E!, será para sempre lembrada pela megaprodução "Illegal Aliens" (2006), um épico cómico de ficção científica em que 3 bonitos alienígenas salvam o planeta Terra do Mal intergaláctico. Esta longa-metragem foi protagonizado e produzido pela beldade e deve sair no soon-to-be-gone formato DVD em Março, aproveitando o mórbido momento para capitalizar nas salas de aluguer.

O corpo de Anna Nicole será conservado até dia 20 de Fevereiro por ordem de um juíz californiano, o que deixa em aberto eventuais casos de necrofilia - crime na Califórnia, mas não no Wisconsin.

O nosso comentador residente, Luís Folião, que na semana passada estava em Newark (não confundir com New York), aproveitou para deixar a sua opinião: "Liguei para o Larry King Live e tudo, que teve um especial Anna Nicole na madrugada de sábado. É uma grande perda, tinha apostado com o Philip Michael Thomas que ainda a seduzia, mas parece que perdi 30 US$)", desabafou visivelmente triste ao telefone da redacão do NWP. Também Claudius, o vidente, nos deu a sua visão do tráfico acontecimento: "Estava mesmo a ver isto a acontecer. A Anna Nicole Smith teve períodos conturbados em madrugadas de quarto minguante com ingresso de Plutão em Sagitário e a presença inequívoca da quarta Lua. O seu filho morreu com o Sol no signo de Balança conjunto ao Nodo Norte e opondo-se à Lua - desde tempos imemoriais que isto significa má sorte. Além do mais, a oposição Sol-Lua cai no eixo 2-8 o que também adivinhava um regresso dos Smashing Pumpkins a Portugal".

Restam duas grandes dúvidas. A causa da morte da super-estrela e a questão da paternidade da sua filha, por estes dias mais disputada do que a corrida à presidência no seio do Partido Democrata.

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