JCC: Escândalos eleitorais não são exclusivo da Florida
"Nunca encontrarás igual antro de escumalha e vilania", diria o sábio filósofo Ben Kenobi se entrasse nas instalações do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação (JCC) da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Os futuros "watchdogs" da sociedade portuguesa provaram ser uma massa irracional facilmente manipulada por aqueles que estão ou ambicionam estar no poder. No passado dia 7 de Dezembro foram realizadas naquele estabelecimento eleições capazes de causar um ataque cardíaco a Jimmy Carter e inveja a Musharraf e aos sectores mais conservadores do PCP. Não se ouviram, no entanto, nenhumas vozes discordantes quanto a todo este processo. O Newsweak-Porto, já apelidado de "vergonha" do Jornalismo por analistas e olhos clínicos, decidiu colocar o dedo nesta ferida.
Foi da boca de um dos candidatos que os repórteres do NewsweakPorto tiveram conhecimento destas eleições, apenas uma semana antes da sua realização. A mesma fonte, ao dizer quais os membros da lista, disse ser sua intenção convidar Stradivarius (nome fictício) porque, apesar de na altura não a conhecer pessoalmente, sabia de antemão que ela era uma figura popular no primeiro ano. Pela mesma lógica, poderia convidar também o Hélder da Praça da Alegria, pois aluno mais popular a nível nacional não há e até podia fazer campanha na televisão às expensas do erário público.
Mas não era preciso tanto porque em JCC o voto é um dever cívico que espelha bem este microcosmos de futuros adultos e profissionais do Jornalismo, ou seja, quer se saiba, quer não em quem e para que se vota, vota-se na mesma ou és irresponsável e estás "out". Para o leitor compreender melhor a magnitude desta situação, nos corredores de JCC, é pior não votar do que não ler "Os Maias", mas apenas quase tão ridículo como saber inglês. Parece ser esta a mentalidade dominante, pois os próprios membros da lista não conheciam os seus membros nem para que todo aquele carnaval eleitoral servia. Foi-nos dito apenas que as eleições serviam para eleger os representantes dos estudantes, agora representantes em que assembleia foi um mistério que permaneceu até ao fecho desta edição (e que predurará por todas as vindouras). Um membro da lista, quando interrogado se seria para o Conselho Pedagógico, respondeu apenas que era para representar os alunos no curso. Provavelmente deve ser nos Jogos Sem Fronteiras.
É certo que o Newsweak-Porto também não fez o seu trabalho de casa e não se informou correctamente destas eleições antes do dia do acto eleitoral. No entanto, num caso destes, a informação devia estar espalhada massivamente pelo curso, para o estudante atarefado não perder o seu tempo já preenchido a fazer o factchecking todo. Os jornalistas do NWP só souberam recentemente que outras eleições para representar o curso em Letras foram feitas um dia antes. Mas pelos vistos não foram os únicos. Vários alunos demonstraram a sua ignorância em relação a estas duas eleições. Num período em que os alunos estão preocupados em entregar os seus trabalhos, não sendo feito um esclarecimento correcto das coisas, é fácil acontecimentos desta importância escaparem. Um dos repórteres recorda-se agora que elementos estranhos a JCC lhes entregaram panfletos prometendo lutar pelos direitos dos estudantes em Letras, no entanto, dessa lista não constava o nome de nenhum aluno do nosso curso, uma quase região autónoma. Seria a mesma coisa que alguém governar a Madeira a partir do continente, sem nunca lá por os pés,excepto para fazer campanha e inaugurações.
Num curso em que se fala em todas as aulas de dar voz ao contraditório, apenas uma lista foi criada e nem precisou de explicar os seus objectivos eleitorais. Os membros da lista, num verdadeiro atentado à democracia, permaneceram junto à mesa de voto (que por sua vez se encontrava num local tão "discreto" e "privado" como a sala de convívio), onde podiam aperceber-se do sentido de voto dos eleitores e até pressionar/influenciar a sua escolha. Foi o que tentaram fazer com um dos jornalistas da NewsweakPorto, mas este, felizmente, não cedeu. Os mais influenciaveis, no entanto, não se inibiram de dar um voto desinformado. Afinal, que interessa a um futuro jornalista informar-se das coisas quando as pessoas populares se candidatam a algum cargo público e lhes dizem em quem votar e o que fazer? Os "malandrecos" do Gato Fedorento ganhariam de certeza qualquer eleição, ilhas incluídas.
Pelo mesmo tom, no dia da contagem de votos ninguém se preocupou em saber se esta era feita de forma correcta. Ninguém, excepto um dos membros desse grupo de jornalistas infantis que "brinca com carrinhos" e é a desgraça do futuro jornalismo (a.k.a. repórter do Newsweak). Em mais um exemplo de violação da democracia, foram os próprios membros da lista a contar os votos. Felizmente, um dos nossos repórteres encontrava-se no local e pôde vigiar todo o processo, não deixando haver falhas ou corrupção.
Foram contados 76 votos, apesar de na lista das votações só constarem 74 nomes. Num universo de 360 alunos, isto significa que apenas 23% de alunos expressaram a sua opinião, logo a lista dificilmente se pode considerar representativa da maioria dos estudantes. Desses 76 votos, 69 (curioso número, mas verídico) foram a favor, 2 foram nulos e 5 em branco (dois deles dos repórteres da NesweakPorto). Um dos nulos possuia um sorrizinho (vulgo "smiley") e, caso não estivesse um jornalista desta casa presente, iria ser contado como válido. É certo que não alteraria o resultado, mas a corrupção começa por estes pequenos gestos. Como disse Toy na sua participação no já saudoso programa do Tonecas, é de pequenino que se torce o nabinho, e o NewsweakPorto não pode compactuar com situações deste calibre. No entanto, como já deu para perceber, os jornalistas de amanhã pouco querem saber de corrupção (mesmo que no próprio curso), até porque não conseguem vigiar a sua própria casa. Falam em propinas? Nós falamos em corrupção.
Em várias aulas de TCS e de outras cadeiras, inúmeros alunos pseudo-entendidos em geopolítica criticavam a imprensa americana por não cobrir certos temas que afectariam os poderes instituídos. Pois parece que criticar é fácil, fazer melhor já dá trabalho. Esses pseudo-entendidos são os mesmos revolucionários de bolso que querem mudar o mundo, mas que não são capazes de fazer a própria cama. Como diriam olhos clínicos e analistas credenciados (nunca é demais citá-los), são estes os jornalistas do amanhã.
Queremos deixar claro que isto não se trata de um ataque pessoal aos membros da lista em questão, mas uma denúncia do sistema (ou falta dele) eleitoral nas instalções do curso do "core" da NewsweakPorto. Os repórteres desta casa são amigos pessoais de alguns deles e consideram-os bons colegas e camaradas. No entanto, é dever jornalistico da staff deste grandioso blogue meter o dedo na ferida, pisar o formigueiro sempre que seja necessário, doa a quem doer, coce a quem coçar. Os repórteres da NewsweakPorto tem uma visão "jefferson-esque" da sociedade e por isso defendem que a democracia apenas sobrevive com uma imprensa completamente livre que vigie aqueles que estão no poder. Não podíamos, portanto, deixar esta situação passar incólume.
Por sermos paladinos incorruptivéis da democracia e liberdade de expressão, incentivamos os membros da lista a usufruirem do seu direito de resposta a este post.
7 Comments:
mto bom :)
vamos ver o que dizem os analistas e olhos clinicos disto xD
beijinho aos meus compinchas
foliao a par-da-si-dente hic hic
stradivarius loooooooooooooool
Caro Daniel, obrigado pela sua tentativa de elucidação. Quanto ao bite sobre os Maias, de certeza que não o captou correctamente, porque não lhe foi transmitido o devido contexto.
Este comentário surgiu de uma ocasião, o ano passado, em que uma colega de curso dos jornalistas do Nesweak-Porto apelidou um deles de ignorante por este se ter recusado a ler os Maias.
Esta situação espelha a ideia dominante em JCC, a qual defende que podes ter lido muitos livros bons e interessantes e até saber quem é o Chomsky antes do Prof. Bastos te dizer, mas se não leste um livro que te foi imposto por um orgão que não te vê como mais do que uma célula num organismo chamado Estado, então és ignorante.
Bem já sabem o meu ponto de vista. Até agora, nenhuma eleição passada em JCC me fez querer votar. Dado que nem os próprios membros das listas sabem o que estão a defender e porquê...
No entanto, eu já falo disto há algum tempo e também ainda não mexi uma palha né? Também porque desconheço para quê que vou mexer uma palha... o.O
A propósito do Conselho Interno de JCC -> isso é aquela pequena assembleia de alunos do 1º e 2º ano de JCC para conseguirmos ter representantes no Processo de Bolonha? o.O
p.s.: Bolonha já fez uma grande coisa: Os papéis com o nome das salas e isso foram alterados. Agora têm um tipo de letra moderno e sofisticado e são carimbados pelo curso de 'Ciências da Comunicação'.
p.s2: Good night and good luck *
Estas eleições recebem toda a atenção que merecem, ou seja, nenhuma.
Não sou uma pessoa idealista por isso se calhar estou sozinho quando vos digo que preocupar-se com estas coisas é ridículo.
Quando for necessário os alunos de JCC reivindicarem, pouco interessa se temos um representante nas reuniões mensais ou não. Devemos reivindicar como um todo, não delegar isso num representante.
Por exemplo, acho que era altura de pensar num protesto a sério contra o Rui Centeno. Mesmo que ainda não esteja tudo definido, era bem altura de ele nos falar das mudanças Bolonhesas ao curso.
Mas pronto, dispensável ou não, a energia e o entusiasmo do repórter são louváveis.
Caro Ricardo,
De facto estas eleições podem não ter peso algum no rumo do curso, mas uma coisa é alguem decidir ignorá-las porque sabe para o que são e tem consciência de que não servem para nada, outra coisa é ignorá-las por a) não saberem da sua existência ou b) saberem da sua existência mas não saberem bem para que servem nem em quem é que votam. Dito de outra forma, uma coisa é acreditar que estas eleições não têm valor (o NWP está deste lado, porque dois dos jornalistas votaram em branco) outra coisa é não ter a minima ideia para que é que servem e se vão trazer ou não alguma mudança e ignorá-las à mesma.
Quanto a união em JCC, isso parece-me um pouco utópico por vários motivos:1)a existência de duas praxes (e não pretendo que isto seja uma boca ao Ricardo, porque tou a apontar o dedo às duas) separa os alunos em pelo menos três grupos: os que aderem a uma, os que aderem a outra e os que se estão a cagar. E,apesar de existirem alunos para quem isso não afecta o relacionamento com os outros, os mais extremistas impedem que haja uma verdadeira união,
2) os futuros jornalistas de JCC ainda se prendem muito a boatos e não se conseguem entender. Houve uma semana em que o tema de Bolonha foi discutido mais acesamente e todos os alunos queriam falar com o Centeno (para, além de esclarecerem o caso Bolonha, poderem usar RMs dele em trabalhos de rádio). O que se passou foi que alguns alunos diziam que ia um representante de cada grupo de Rádio, outros diziam que ia só uma aluna que facultaria os RMS para todos. Depois havia também alunas que vinham a correr pelos corredores a lançar boatos para o ar sobre como ia ser o processo, sem antes terem confirmado a "informação" que estavam a espalhar em lado nenhum.Mais tarde vinham outras alunas a correr e a gritar com versões completamente diferentes da história... enfim, ninguém se entendeu, e os alunos de JCC já pareciam os mui bem informados rebeldes do Básico a lutarem contra as aulas de 90 minutos.
Apesar de nao gostar de incluir missões em 'futuros qualquer-coisa', nao vejo como e possivel que alunos continuem a aceitar algo passivamente, ao que me parece, o facto de serem uma completa regiao autonoma. Isso destroi o curso por dentro, sempre em crescendo, bem como toda a formacao além curso.
Já falei sobre isto, em amena cavaqueira cibernetica, com um zeloso resporter do newsweak, paladino da liberdade.
Como e que e possível que Letras aliene assim um curso, que e inclusive bastante procurado e importante face a , e desculpem-me se parece insulto, certos cursos obsoletos a funcionar no edifício do Campo Alegre.
Mais concretamente quanto a falta de informação facultada referente as eleicoes é so a prova de que não há nenhum entendimento do que é m processo democratico e minimamente justo. E isso, muito pior do que levar ao desemprego, leva a ignorância, ao embrutecimento e quica a idiotice com poder.
beijos e abraços
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